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sexta-feira, 25 de junho de 2010

[ 7 ] Esteja preparado para investir – em tempo e pessoas

Já o tinha referido, no post anterior – é necessário ensinar novos métodos às pessoas, no esforço da melhoria contínua. Mas, como em tudo na vida, é necessário tempo para que as pessoas absorvam esses métodos e se habituem a eles, no dia-a-dia.


Para que isto seja possível, é necessário aceitar uma certa dose de risco. RISCO??????!!!!!! Perguntarão alguns. Claro! É necessário deixar que as pessoas experimentem e ganhem prática a aplicar os novos métodos, que cometam alguns erros, e aprendam com essas experiências. Pois, pois.... falta tempo, não temos gente, o trabalho diário, etc, etc...

Já agora – que elementos está a pensar em designar para o esforço de melhoria contínua? Os melhores? Os piores? Os assim-assim? Por vezes, fico espantado com o grau de prioridade que é dado a este tipo de iniciativas – são designadas as pessoas que estão a mais, que são incómodas noutras funções, não fazem falta “nas funções importantes”, ou são simplesmente “fraquinhas” e ‘vamos lá a ver no que é que dá!’.

Só com o melhores dos melhores se obterão resultados excepcionais, assumindo, desde o início que é necessário tempo para implementar e algum investimento para implementar as alterações necessárias.

“Ah, e tal! Mas isso é caro”, estrão algumas pessoas a pensar. Caro? Não. É necessário algum investimento (por vezes, tão pouco, que até é ridículo ter que ser discutido!), mas a minha experiência demonstra que estes pequenos investimentos produzem retorno (pagam-se a sí próprios em alguns meses) de forma muito rápida, ao contrário do que geralmente se pensa. Além disso, os rácios de melhoria excedem largamente o que, conservadoramente se espera (5 a 10% de melhoria) – a realidade é que se conseguem melhorias na ordem dos 150%, e em casos extraordinários de 1500% (Não, não me enganei nos ‘zeros’).

O grande segredo está na prioritização das acções – que actividades são mais simples e me podem gerar maiores retornos? Sabe como prioritizar? Que critérios utiliza?

Na próxima semana, deixarei alguns tópicos sobre a integração de processos e funções de suporte no esforço de melhoria.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

[ 6 ] São necessários Líderes, e não ‘managers’

Esta é uma discussão que dá “pano para mangas”!!! Sem querer entrar em definições profundas, ou mesmo em polémicas desnecessárias, arrico-me a dizer que o “Gestor” gere a actividade corrente (o estado actual, ou para alguns, o “As-Is”) e o Líder move as pessoas para um estado melhorado (“estado futuro”, ou “To-Be” – há quem lhe chame, meio a brincar, o “Tobias”).


A mudança, em sede de melhoria contínua (Lean, Six Sigma, Lean Six Sigma, Process Excellence, Process Improvement, etc...) requer liderança forte, e determinada em alcançar as metas a que se propôs. É de notar que o grau de “líder” não se obtém por hierarquia, nem por promoção funcional – merece-se!

Muitas das confusões se devem, com certeza, à utilização incorrecta da designação no dia-a-dia: “O líder do partido....”, o “Líder de equipa”, o “Líder” disto e o “Líder” daquilo. Serão mesmo “Líderes”? Ou serão Gestores? Chefes? Capatazes?

Para ter êxito num esforço de melhoria continua, em qualquer uma das vertentes comerciais adoptadas, é necessário identificar verdadeiros líderes, em todos os níveis da organização, capazes de transformar as “velhas” formas de pensamento, quebrar com os velhos hábitos e implementar uma “nova” forma de ver e fazer as “coisas”.

A este respeito, dizia sábiamente Maquiavel (cerca de 1515): “Não existe nada mais difícil de assumir, mais perigoso de conduzir, ou de sucesso mais incerto, do que liderar a introdução de uma nova ordem das ‘coisas’. Porque o inovador tem como inimigos todos os que se deram bem com as ‘velhas’ regras, e acérrimos defensores nos que se podem dar bem com as novas condições.”

Há, portanto, que querer quebrar os velhos hábitos – e para isso é necessário saber ensinar. Este é um trabalho, muito importante, dos mais altos responsáveis da organização – identificar líderes, dar-lhes autonomia (com a devida dose de responsabilidade e autoridade) e liderar pelo exemplo.

Definitivamente, na melhoria contínua, não funciona o velho ditado que diz “Faz como eu digo, não faças como eu faço”.

sábado, 12 de junho de 2010

[ 5 ] Esteja preparado para as resistências e dificuldades

Sempre que se propõe uma melhoria, há quem se sinta ameaçado. Algumas pessoas, porque consideram que “alguma coisa estavam a fazer mal”, outros porque não se sentem confortáveis em terrenos desconhecidos (a mudança).


Muito se tem dito, nos últimos tempos, sobre a necessidade de se explicarem as medidas de austeridade, enquanto se pedem sacríficios... Da mesma forma, sempre que pretender alterar a actual forma das “coisas”, deverá esforçar-se para explicar porquê, o quê e como, implementar as alterações necessárias à melhoria projectada.

Esforce-se por remover os medos – ou torne a opção “não fazer nada” ainda mais assustadora! Não há nada como um bom “incentivo”, para promover a dinâmica de implentação.

Lamentavelmente, há quem ainda pense que o “Lean” (ou o “Six Sigma”) são veículos de redução de efectivos (pois – despedir pessoas)... Há consultores que não conseguem resistir a este apelo - é fácil, os resultados a curto-prazo são visíveis (especialmente em momentos de quebra de actividade)... mas, e depois? Quem, no seu perfeito juízo, irá contribuir com mais idéias, ou sugestões que, em qualquer momento, lhe podem valer um lugar no “subsídio de desemprego” (com sorte.... nos dias que correm). Não nos podemos esquecer, ou ignorar, que as sugestões dos operadores são a “mina de ouro” da melhoria contínua! Ou ainda estamos convencidos que os “tocadores de piano” (os Engenheiros sentados en frente aos seus computadores, nos seus gabinetes) são realmente a ‘chave’ da melhoria contínua??!!

A melhoria contínua (através dos seus veículos preferenciais do “Lean” ou do “Six Sigma”) é apenas uma forma de trabalhar melhor, com menos esforço, de forma mais eficaz – preservando postos de trabalho e, até, aumentando o número de efectivos, através do crescimento orgânico causado pelas melhorias de eficiência em toda a empresa – aumento da competitividade (melhor produto, menores custos, possibilidade de baixar preços sem perda de margem, aumento de volumes, etc....).

sexta-feira, 4 de junho de 2010

[4] A melhoria é um caminho que não tem fim!

Ao longo da minha carreira, tenho visto e assistido a várias declarações de vitória : “Conseguimos! Somos ‘Lean’!”. São várias as empresas que o afirmam, e muitas mais empresas de consultoria que o afirmam acerca dos seus clientes... A verdade é que “Lean” é um processo sem-fim, contínuo, que exige esforço e aplicação constantes. Qualquer empresa pode ter como meta “ser Lean”, mas haverá sempre uma diferença (ainda que pequena) entre o estado, decerto excelente em que está, e o estado ideal. Não quero, com isto, dizer que não se deve iniciar o ‘caminho’, ou que nunca lá chegará. Muito pelo contrário – deve começar, já! Sem hesitações e sem medo de errar – faz parte da cultura “Lean” reconhecer os erros e actuar rápidamente para os eliminar.


Se, em algum momento, tiver a ‘impressão’ que já é “Lean”, então é porque está a falhar nos princípios fundamentais. Lembre-se do 5º passo de Womack (em “Lean Thinking”) – Perfeição – acha que já é perfeito? Por quanto tempo o será? Será Vaidade? Estará a avaliar correctamente as suas necessidades de desenvolvimento e mudança?

Apesar de estar na moda “bater” na Toyota, em virtude dos problemas da qualidade que recentemente vieram a público, acredita, realmente que a Toyota está a bater no fundo? Não é verdade! Apesar da abrupta descida de popularidade (e oportunidade para os seus detractores e concorrentes) a Toyota tem mostrado que sabe enfrentar os seus problemas – assumiu-os, desevolveu uma solução e implementou-a. Resultados? Nem por acaso, chegam notícias dos Estados Unidos, que a Lexus, nos últimos meses, voltou a suplantar os seus concorrentes mais directos (Mercedes, BMW, Accura, etc...).

Em jeito de conclusão, só posso deixar um conselho: nunca deixe de procurar oportunidades de melhoria, apesar de considerar que está no ‘topo’.

Num comentário a um dos meus posts anteriores, um leitor dizia (e com razão): "uma caminhada de 1000 milhas começa com um simples passo"(Lao-Tsu). Arrisco-me a acrescentar, com um provérbio bem Português, “Grão a grão, enche a galinha o papo” (um pouco mais adequado à nossa cultura popular). Como ‘arremate’, e em linha com o tema, “Não te ponhas em bicos dos pés, que te podes desequilibrar” (Obrigado, Avózinha querida, pelo ditado).

Na próxima semana, mais sobre “Esteja preparado para as resistências e dificuldades”.