Pesquisar neste blogue

terça-feira, 11 de maio de 2010

Melhorar ou não melhorar?

Hoje em dia e todos os dias, nestes tempos turbulentos e de profunda crise, que teima em sibilar por cima das nossas cabeças, somos bombardeados com eventuais soluções para ‘todos’ os nossos problemas. Muitas delas são apenas superficiais, outras focam-se demasiadamente na parte genérica (o que fazer), outras parecem a cura milagrosa de todos os males que nos assolam.


Arrisco-me a dizer que não existe, hoje em dia, uma única organização que não necessite de se reorganizar ou, pelo menos, repensar a forma como faz negócio. No entanto, a maioria das empresas aborda esta necessidade partindo do pressuposto que é possível “desenhar” o caminho futuro, de forma previsível, com base nas experiências do passado – na realidade, já não é suficiente eliminar os erros de ontem. Além do mais, foram muitas dessas experiências que nos colocaram neste estado.

Algumas pessoas chamam a este processo “ver o filme todo”. Outras, que se trata de identificar oportunidades, descobrir novas direcções e redefinir mercados. Seja como for, tudo se resume à existência de uma Visão e de planos práticos e exequíveis para a tornar em realidade. O verdadeiro segredo está na implementação.

Quem tem responsabilidades de gestão, todos os dias é confrontado com a necessidade de ‘cortar’, ‘corrigir’, ‘melhorar’, ‘mudar’ – procurar novos caminhos. Em cada um desses dias, esses profissionais, são bombardeados com as vantagens das metodologias de melhoria contínua (Lean Manufacturing, Lean Six Sigma, Six Sigma, Kaizen, etc...) e o que podem fazer. No entanto, existe muito pouca informação de cariz prático sobre como implementar estas metodologias e, mais importante, sobre como liderar um projecto destes. Seja qual for o caminho escolhido, é importante pensar nos detalhes.


A verdade é que cada empresa, que inicia este caminho, o faz em circunstâncias diferentes. Por isso, desde sempre que defendo que não há receitas mágicas, um único caminho correcto, uma só forma de fazer as coisas. Existem, isso sim, muitos factores a ter em conta e a considerar, antes de se iniciar o caminho da mudança.


Seja em empresas, congressos, seminários ou acções de formação, sempre que pergunto: “Quanto de vós já ouviram falar do’lean’?” Sem qualquer surpresa, quase todas as pessoas acenam positivamente. Quando pergunto: “E quantos estão a implementar?” o número de respostas positivas passa a cerca de metade. Muitas empresas não estão a fazer nada (ou quase nada), geralmente porque não sabem bem por onde começar! Além disso, as barreiras e dificuldades são muitas – e neste tempo de crise... têm muito mais em que pensar. A última questão, dirigida à metade que respondeu positivamente, é: “Quantos consideram os vossos esforços de implementação um sucesso extraordinário?”. Pois é... apenas uma resposta positiva (ou nenhuma, na maioria dos casos).


Claro! Os desafios encontrados são muito maiores do que se antecipava (ou do que os consultores venderam!).


Alguém me disse, um dia destes, que “Experiência não é aquilo por que se passou... é o que se tira do que que se passou” – a mensagem é óbvia: deveremos aprender, mas aprender muito, tanto dos sucessos como dos insucessos.


Os factores a ter em conta, são muitos. Nas próximas contribuições focarei alguns deles, em especial:


1. É preciso tempo
2. A mudança não pode ser feita em “part-time”
3. O lean (ou o Six Sigma) é muito mais do que ‘ferramentas’
4. A melhoria é um caminho que não tem fim
5. Esteja preparado para as resistências e dificuldades
6. São necessários Líderes, e não ‘managers’
7. Esteja preparado para investir – em tempo e pessoas
8. A melhoria não se limita à fábrica (ou às operações)
9. Não existem receitas mágicas
10. Não copie – aprenda

2 comentários:

  1. Depois de ler este post, com o qual concordo, lembro-me de uma frase que li à algum tempo atrás, do americano Sam Levenson: "You must learn from the mistakes of others. You can't possibly live long enough to make them all yourself.".

    Parabéns pela iniciativa...

    ResponderEliminar
  2. Obrigado.
    Caso tenha mais alguma sugestão ou comentário, não hesite em partilhar - serão sempre bem vindos.

    ResponderEliminar